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sábado, 10 de janeiro de 2015

Complexo de Édipo Segundo Freud e Klein

Para iniciar este texto, torna-se importante ressaltar que a expressão “Complexo de Édipo” nomeado por Freud, é uma conceito fundamental para a concepção da metapsicologia, na verdade, é o que fundamenta a teoria psicanalítica. Entretanto, além de Freud, a Psicanálise também teve outras contribuições importantes que ajudaram na construção do conceito Complexo de Édipo, no caso, a Melannie Klein, que apesar de mostrar diferenças teóricas em relação à Freud, desenvolveu ideias inovadoras para a psicanálise dedicando-se ao desenvolvimento das técnicas psicanalistas para o tratamento de crianças. A mesma logo percebeu que tudo o que Freud havia descrito para os adultos em suas teorias, também se aplicariam às crianças.
Para Freud, Complexo de Édipo baseia-se nos momentos vivenciados pela criança em que têm a mãe como parte de si, como objeto libidinal e principal de amor. Como característica deste evento, um exemplo, é o momento em que a criança deseja a mãe somente para si, sem aceitar compartilhamento ou algo parecido que corte seu vínculo com a mesma. Até que a criança descobre que a mãe não é um ser exclusivamente dela, porém têm seus desejos e necessidades que se distanciam das necessidades do filho até então, como o vínculo com o marido, suas buscas pessoais, de prazer e etc., a criança descobre que seus pais pertencem a uma dimensão social e cultural também.
Fazendo um paralelo entre as ideias de Freud e Klein no que diz respeito ao Complexo de Édipo, pôde-se entender que Freud caracterizou como sendo as fantasias e conflitos vivenciados pela criança no decorrer de seu desenvolvimento psicossexual, representados por desejos incestuosos da criança pelo responsável ou cuidador do sexo oposto e a rivalidade da mesma pelo responsável do mesmo sexo.
Como bem expressa Oliveira e Amaral (2009, apud BRITTON, 1994) o Complexo de Édipo descrito por Freud pos­sui três elementos essenciais, que independe do sexo da criança. O primeiro elemen­to diz da necessidade de um casal de pais que pode ser real ou simbólico. No segundo, tem-se o desejo de morte em relação ao ge­nitor do mesmo sexo. No terceiro e último elemento verifica-se a existência de um so­nho ou mito de realização do desejo de to­mar o lugar de um dos pais e casar-se com o outro.
Contudo, Freud relaciona a castração como um aspecto básico para o entendimento do complexo de édipo, que serve para ambos os sexos. Se tratando dos meninos, há a percepção de que a menina não possui o mesmo órgão sexual que ele, então passa a desenvolver um certo grau de medo de ser castrado, ou melhor, de ser punido pelo pai. “Isso põe fim ao complexo de édipo, fazendo surgir na criança o superego e dirigindo o menino à busca de outros objetos que não a mãe” (MARCHIOLLI, 2010, p. 30). Já nas meninas prevalecem ideias de que foi castrada, e não recebeu um órgão sexual igual ao do menino, então, começa a desenvolver sentimentos de inferioridade em relação ao menino, além de sentimentos de culpa que surgem após o complexo de édipo por atos errados cometidos em suas fantasias contra os pais.
Já Klein, “descreveu a situação edípica com foco nas fantasias primárias (OLIVEIRA; AMARAL, 2008, p. 3)”. Acreditava diferentemente de Freud, num complexo de Édipo precoce, que a partir dos dois anos de idade, quando as dúvidas a respeito de sexualidade surgem na criança e são supridas, é o momento que se inicia o desenvolvimento do complexo de Édipo.
Klein teorizou estágios iniciais da vida da criança, que primeiramente teria como uma posição esquizoparanóide na existência de fantasias inconscientes relacionadas com as vivências da criança, que possibilitam experimentar momentos de satisfação e insatisfação, representada pela existência de um seio bom e um seio mau. Neste caso, “há a prevalência de um ego imaturo, e estes mecanismos de divisão correspondem às primeiras defesas desse ego primitivo (OLIVEIRA; AMARAL, 2008, p. 3)”. Após isso, a criança começa perceber que o mesmo objeto que a traz satisfação é o mesmo que a traz insatisfação e está ligado ao seu objeto de amor: a mãe. Então, é ai que começaum conflito de am­bivalência de sentimentos, pois a mãe que a criança odeia e a quem direcionou seus impulsos destrutivos é a mesma a quem di­reciona amor, é quem teme perder (OLIVEIRA; AMARAL, 2008, p. 3)”. Isso faz com que a criança vivencie ansiedades e sentimentos de culpa em relação à mãe, e anseia concertar o mau que o fez pensar da mesma, Klein chamou isso de posição depressiva.
Por conta disso é que Klein defende a ideia da existência do superego na criança (que funciona da mesma forma proposta por Freud), porém deve ser considerado como uma estrutura construída durante toda a infância, que começa pela introjeção da mãe que lhe fornece a nutrição. Para a teoria Kleiniana, o desenvolvimento do superego começa durante a posição depressiva.
Diante dos conceitos de Complexo de Édipo apresentados na visão dos psicanalistas Sigmund Freud e Melannie Klein, é possível compreender a importância deste processo para a constituição do sujeito e da estrutura psíquica do indivíduo, é claro que, toda essa estruturação da subjetividade só se dará a partir do êxito deste processo, ou melhor, da dissolução do Complexo de Édipo. Oliveira e Amaral (2009, apud MOREIRA, 2014) destacam, “a importância da passagem pelo Édi­po e sua condição estruturante nos remete a pensar a constituição do sujeito a partir da incontestável presença do outro”.
Já que, é na passagem do complexo de Édipo que se constrói o sujeito e suas subjetividades, pode-se afirmar que é neste momento que haverá a formação da sexualidade do indivíduo, onde se situa como algo decisivo. Além disso, é importante ressaltar que nenhum ser humano escapa do complexo de Édipo, a forma como este percorre o processo é que irá marcar suas experiências posteriores, na vida adulta. Oliveira e Amaral (2009) deixa bem claro, “a dissolução do Complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estru­turação da personalidade e na orientação do desejo humano”.
Freud enfatizou a questão da diferença entre “sexo” e “sexualidade”, justamente por considerar que a sexualidade humana estar para além de uma dimensão puramente biológica, mas que representa algo natural, busca de prazer e gratificação. Se tratando de sexualidade infantil não é diferente, a criança frequentemente em diversas situações vai estar em busca de satisfação de suas ansiedades, dúvidas, desejos e necessidades. A sexualidade é um fator meramente importante, e a grande responsável de tornar o ser humano um sujeito em constante movimento.
Para concluir, é indispensável falar que a castração denominada por Freud, é um fator que contribui bastante para o desenvolvimento sexual e afetivo da criança, pois a partir dela haverá o reconhecimento de que não é o centro das atenções da mãe e/ou cuidador, logo, as possibilidades de reconhecimento do outro surgirão, e começarão aparecer comportamentos e expressões sociais próprias.

REFERÊNCIAS

MARCHIOLLI, Priscila Toscano de Oliveira. Análise do conceito Complexo de Édipo em Melanie Klein e D. W. Winnicott. Campinas, 2010. 131 p. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC, Centro de Ciência da Vida, Pós Graduação em Psicologia, 2010.

OLIVEIRA, Thaís Utsch Vieira; AMARAL, Thaísa Vilela Fonseca. O Complexo de Édipo: Uma comparação entre Melanie Klein e Sigmund Freud. Mosaico estudos em Psicologia, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p. 1-8, 2009.



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