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sábado, 10 de janeiro de 2015

Análise Psicológica do Filme Como Estrelas na Terra, Toda Criança é Especial e as interferências das Representações Sociais na Aprendizagem

O Filme Como Estrela na Terra assistido em sala, foi originado na Índia e conta a história de um garoto chamado Ishaan Awashi que sofre de dislexia, na qual trata-se de uma dificuldade de leitura e escrita, e a partir deste fazer uma análise teórica das representações sociais na educação do indivíduo.
Primeiramente é importante deixar claro que a dislexia não se trata de uma doença e sim, de uma má formação do encéfalo que traz dificuldade na aprendizagem, principalmente relacionados à decodificação de códigos. Contudo, o personagem do filme frequentava uma escola normal, porém repete uma vez a terceira série e não mostra nenhuma evolução nos rendimentos. O menino com 9 anos não consegue acompanhar a turma no desempenho acadêmico e começa a cair numa melancolia.
O pai de Ishaan, assim como a mãe e todos que convivem com ele, não percebem que ele apresenta um distúrbio de aprendizagem, que o fato do garoto não conseguir progredir nos estudos seja algo sério, então a criança sofre bastante com esse despreparo da família, dos docentes e colegas de classe, principalmente da forma como o pai o tratava, pois não entendia do que ele estava passando realmente e acabava agredindo a criança verbalmente, fazendo com que se torna-se uma criança sem vínculo afetivo com uma das figuras principais que é o pai, sofrida, triste e com dificuldades que a família não dava suporte no momento mais preciso.
Diante de tudo isso, o pai é chamado pela diretora da escola para uma conversa a respeito de Ishaan, e revoltado com tantas reclamações do garoto decide colocar seu filho numa escola integrada, ou melhor, um internato. Essa atitude do pai só trouxe problemas maiores, primeiro porque o menino sofre muito com isso, afinal, é uma criança, não está preparada para viver uma separação dos pais principalmente quando se trata de ir para um lugar onde a metodologia é rígida e ele não tem uma pessoa na qual se sinta realmente segura.
O menino sofre demais, justamente por não conseguir entender o comportamento de seu pai, e cria a ideia de que foi excluído da família, por isso faz aquele desenho na lateral do livro de uma criança gradativamente desaparecendo e se desvinculando da família que demonstra nitidamente o sentimento de exclusão, ele entende tudo isso como um castigo por não conseguir aprender.
Todos esses fatores desmotivam Ishaan tornando-o uma criança triste, e sem vontade de aprender, até mesmo de ser feliz como outras crianças, a única coisa que ele sentia vontade era de retornar à sua casa, pois sentia falta da mãe, que tem um papel de atribuidora de afeto. Além disso, o internato não colaborava para extinção desses sentimentos, por manter um modelo disciplinar rígido.
A situação se modificou quando o professor Ram Shankar entrou como substituto. Ram Shankar chegou na escola com uma metodologia totalmente distinta de trabalhar o aprendizado dos alunos, o que fez toda diferença. No primeiro dia de aula apresentou uma forma divertida de obter a atenção dos alunos aos ensinos que estavam sendo oferecidos naquele momento, de forma dinâmica e estratégica, diferentemente das apresentadas pelos professores anteriores que eram mais tradicionais e rígidos.
O professor Ram Shankar logo percebe que na turma há um aluno com dificuldades especiais, pelas experiências que o professor havia na educação fez com que facilitasse o processo de identificação da dificuldade que a criança sentia, chegando à conclusão que tratava-se de dislexia e se dispôs a ajuda-lo, desenvolvendo formas de ensinar Ishaan a ler e escrever. Sua primeira atitude após identificar o problema foi ir até a casa de Ishaan e conversar com os pais.
Podemos dizer que com a chegada do novo professor a vida de Ishaan tomou novo rumo, pois ele soube trabalhar especificamente com o menino e este passou a se sentir mais motivado para os desempenhos escolares mostrando rápidos resultados. Percebemos a imprescindível importância do professor para os alunos, que é representado como alguém que possui capacidade para trabalhar técnicas e métodos de aprendizado específicos fazendo com que todos os alunos sejam inseridos no processo de aprendizagem e se sintam capacitados para desenvolver as atividades, mesmo que em algumas áreas uns desenvolvem mais e outros menos, mas aceitando cada um na sua singularidade. Esta inserção dos alunos também possibilita saber conviver com as diferenças.
De acordo com Moscovici (1978, apud LEMOS, 2013, p. 50) afirma que as representações sociais ocupam uma posição “mista”, na encruzilhada de uma série de conceitos sociológicos e de uma série de conceitos psicológicos, circulando, cruzando-se e se cristalizando através de uma fala, um gesto, um encontro em nosso universo cotidiano». Elas estão assim presentes na maioria das relações sociais, nos objetos produzidos ou consumidos, nas comunicações trocadas.
De acordo com Sá (1998, apud LEMOS, 2013, p. 52), os fenômenos de representação social estão na cultura, nas instituições, nas práticas sociais, nas comunicações interpessoais e de massa e nos pensamentos individuais.
Para ser considerado representação social, um fenômeno precisa de provocar, ameaçar os grupos em seu cotidiano, tornando-se então objeto de interesse daquele público no momento em que provoca tensões e exige posicionamentos e/ou promoção de ações. O processo educativo pode gerar inquietações e em determinado momento tensões entre o saber consensual do grupo e o saber reificado da escola, instigando questionamentos. O ensino é tecido no diálogo entre indivíduos (seres físicos, sociais e psicológicos) e os conhecimentos historicamente construídos e formatados de acordo com crenças e interesses dos diferentes grupos e classes da sociedade (LEMOS, 2013, p. 55).
Sendo assim, a ideia de representação social na educação refere-se aos aspectos sociais, do senso comum e científicos que interferem na constituição do sujeito como um ser que interage com a escola numa associação dialética, onde leva contribuições de si para representação escolar e a escola assim também contribui para sua formação.
O filme nos traz a possibilidade de refletir sobre a importância dos professores no contexto educacional para o sujeito, pois são responsáveis em investir seus conhecimentos para proporcionar o desenvolvimento dos alunos em sua formação como pessoa, profissional e cidadãos.  Portanto, os educadores precisam ter domínio sobre suas práticas e responsabilidades sociais, sabendo que a sociedade é formada por diferenças que assim como a dislexia, é uma dificuldade que muitas crianças possuem e nem sempre recebem a atenção necessária por parte da escola.
Por isso, os professores e educadores devem estar teórica e metodologicamente preparados para enfrentar esta realidade e saber lidar com os problemas na escola, afim de aumentar as possibilidades de intervenções e formas de se trabalhar essas e outras deficiências. A equipe educacional precisa estar apta e ser capaz de facilitar o processo de inclusão dentro das instituições.
É imprescindível a atenção do professor no processo de aprendizagem do educando, pois possibilita ao mesmo se sentir valorizado e motivado a aprender, além disso a participação dos pais na vida escolar é de suma importância, por favorecer o crescimento da criança, do educador e da família, consequentemente, com esta equipe em harmonia se estende as possibilidades de melhorias e respostas positivas no processo educacional.
Para concluir, o filme nos traz a oportunidade de refletir a respeito das maneiras de trabalhar as diferenças na educação, e serve como exemplo para todo e qualquer profissional que atue ou deseje seguir nesta jornada. 
REFERÊNCIAS

KHAN, Aamir. 2007. Como Estrelas na Terra – Toda criança é especial. Índia: Estúdio/Distrib: Aamir Khan Productions.

PINHEIRO, Mislene dos Santos. Resenha do filme "Como Estrelas na Terra, toda criança é especial". In: Portal Educação, 2013. Disponível em http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/47245/resenha-do-filme-como-estrelas-na-terra-toda-crianca-e-especial#ixzz3DvPaRb00. Acesso: 30/ set. 2014.

LEMOS, Suely F. C., COSTA, Solange G., LIMA, Rita C. P. Representações sociais: Aplicabilidade nos estudos sobre a educação de jovens e adultos. Educação, Sociedade e Culturas, Rio de Janeiro, n. 39, p. 43-61, 2013.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola e a questão das representações sociais. In: Luckesi. Disponível em http://www.luckesi.com.br/textos/art_avaliacao/art_avaliacao_eccos_1.pdf. Acesso: 30/ set. 2014.

SANTOS, Laércio Silva dos. Representações Sociais na Escola. In: Webartigos, Goiás: 2013. Disponível em http://www.webartigos.com/artigos/representacoes-sociais-na-scola/123238/#ixzz3ErilsPYn. Acesso: 30/ set. 2014.



Um comentário:

  1. Muito bom conhecer o analeses psicologico,pois nos tras uma vião real do problema.

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