CAMPOS, Regina Helena de Freitas (org.). Psicologia social comunitária: Da
solidariedade a autonomia. 18. Ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
Regina Helena de Freitas Campos é autora organizadora do Livro
Psicologia social comunitária: Da solidariedade à autonomia, porém a obra foi
construída a partir das reflexões do Grupo de Trabalho em psicologia social
comunitária da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia
(Anpepp) e inspirados nas discussões do grupo, na qual foi constituído durante
a realização do V Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio da Anpepp.
Esta foi a primeira produção conjunta do grupo, que tem por finalidade
promover a melhor delimitação do campo, e aperfeiçoar os instrumentos de
análise e intervenção disponíveis e em elaboração. Além de possibilitar que a
obra seja útil aos profissionais, estudantes e pesquisadores que compartilham
as preocupações e buscam, em relações democráticas e solidárias nas comunidades
em que atuam.
A psicologia comunitária
começou a se desenvolver de acordo com Campos (1994), em meados de 1960, que
foi quando iniciou-se alguns trabalhados voltados para as comunidades menos
favorecidas. Esses trabalhos de certa forma, visava deselitizar a psicologia
como profissão e ao mesmo tempo, buscar melhoria de vida àquelas populações que
apresentavam problemáticas.
A partir do reconhecimento da
necessidade de atenção à comunidade, os profissionais e educadores, assim como
estudantes começaram a fazer vários encontros científicos para discussão de
questões sociais que estavam ocorrendo nas comunidades. Esses encontros à
medida que iam acontecendo só fortaleciam a proposta de se ter uma psicologia
comunitária reconhecida cientificamente.
Daí surgiu a ABRAPSO,
Associação Brasileira de Psicologia Social, que foi um marco muito importante
na história da construção de uma psicologia social como ciência, na qual
buscava ter um compromisso com a sociedade.
No entanto, a psicologia
comunitária começou aos poucos ganhando seu lugar no espaço, possibilitando um
grande salto no conhecimento teórico da ciência, pois sai daquele modelo
elitista de que a psicologia só era associada com a burguesia, vista de forma
distanciada da população/sociedade, ou seja, as pessoas com poder aquisitivo
mais baixo não tinham oportunidade de fazer atendimento psicológico e passando
a herdar uma característica mais social e envolvida neste contexto.
A psicologia comunitária é
uma vertente da psicologia social, são bem próximas, o interessante é que a
psicologia social é como se fosse a teoria e a psicologia comunitária fosse a
prática, pois vai buscar intervir meio a comunidade e aos grupos nas condições
sociais conflituosas que estes estejam vivenciando.
O psicólogo comunitário,
passa também a ser visto como parte da equipe de saúde, por estar vinculado a
ampliar e democratizar o fornecimento de serviços público, que é justamente de
direito da comunidade. Sabendo que, no meio social surge muitos problemas e
questões relacionados a saúde coletiva, entretanto espera-se que o psicólogo
comunitário desempenhe o papel de mediador dentro dos movimentos que acontecem
na comunidade, e com possíveis intervenções.
Para Ornelas (1997) “o
desenvolvimento comunitário é um processo que permite criar as condições para o
progresso econômico e social através da participação dos cidadãos na sua
comunidade”. O autor defende que as áreas temáticas mais abordadas pelos
modelos comunitários são os procedimentos democráticos, a operação voluntária,
a ajuda-mútua, a liderança e educação dos agentes locais. Contudo, a principal estratégia
utilizada para obter mudança é a do envolvimento dos indivíduos na
identificação e resolução dos seus próprios problemas, cabendo aos
profissionais o papel de facilitadores na resolução, encorajando os indivíduos,
dando ênfase aos objetivos comuns e favorecer o crescimento a nível das
competências democráticas.
Os
psicólogos comunitários construíram uma nova visão do psicólogo, cujo principal
objectivo passou a ser o estudo, a compreensão, a conceptualização e a
intervenção rigorosa nos processos, através dos quais, as comunidades pudessem
melhorar o estado psicológico geral dos indivíduos que nela vivessem (ORNELAS, 1997,
p. 377).
Com a psicologia humanística
de autores como Rogers, Maslow e Perls, a psicologia comunitária partilha a
ênfase que dá aos aspectos positivos do indivíduo e às suas potencialidades,
trabalhando sobre estes e não sobre as disfunções e os distúrbios (FERNANDES,
2000, p. 227).
Para concluir, o psicólogo
comunitário vai ser aquele cujo sabe que existem momentos de constante
sofrimento para um ser individual e coletivo, mas age como mediador, trabalhando
esses aspectos problemáticos e atribuindo-lhes valores positivos, como por
exemplo, conscientizar de que a partir de crises e conflitos pode-se aprender e
obter experiências para enfrentar as dificuldades, tornando-se assim seres
resilientes.
REFERÊNCIAS
ORNELAS,
José. Psicologia Comunitária: Origens, fundamentos e áreas de intervenção. Análise Psicológica, v. I, n. 3, p.
375-388, 1997.
FERNANDES,
Antónia Pratas. (Alguns) quadros teóricos da Psicologia Comunitária. Análise Psicológica, v. I, n. 2, p.
225-230, 2000.